Por Luiz Marcos Fernandes
Turismo cresce mais do que o dobro da economia do país em 2023
A indústria do turismo está entre os setores da economia que mais cresceram no ano passado. Ainda que não tenha por parte do Governo, o devido reconhecimento na valorização dessa indústria, o setor tem crescido “de vento em popa”. De acordo com dados divulgados recentemente pela Fecomércio, o turismo nacional registrou um crescimento de 7,8% em 2023, ao totalizar um faturamento de R$ 189,4 bilhões.
Só em dezembro houve um incremento de R$ 18,1 bilhões gerados pelos diversos setores que integram essa indústria. No desempenho anual, o resultado positivo foi puxado, principalmente, por atividades como locação de meios de transporte (alta de 18,3%), Alojamentos (17,4%) e companhias aéreas (12,7%), que somaram R$ 48 bilhões ao longo do ano, um recorde. De acordo com o Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), houve um incremento de 4% na procura por hospedagens em hotéis pelo País, na comparação com 2022.
O único setor que registrou queda foi o turismo rodoviário (-4%). Por sua vez, a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV), revela que as despesas estimadas pelas empresas com viagens corporativas em dezembro de 2023 movimentaram R$ 7,9 bilhões, valor que demonstra um crescimento anual de 5% com mais de R$ 400 milhões em faturamento para o setor. Com tudo isso, é triste constatar que o setor está entregue pelo Governo aos interesses dos partidos políticos, e mantem medidas restritivas como o impasse do término do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) que socorre o setor de eventos, sem falar na promessa do programa de tarifas aéreas a R$ 200,00 que permanece no papel, e a falta de recursos na promoção do país no exterior.
Um setor em franca recuperação
16/06/2023
De acordo com o departamento do Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), criado pela FecomercioSP em parceria com a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV), apresenta que, em maio deste ano, as despesas estimadas pelas empresas com viagens corporativas alcançaram R$ 9,3 bilhões, registrando crescimento anual de 8,5%, o melhor desempenho para o período desde 2015. No acumulado do ano, o saldo é positivo com um incremento de 20%, no comparativo com o mesmo período do ano passado o que representa valores na ordem de R$ 7,16 bilhões. Não é pouca coisa.
Ao mesmo tempo, um estudo realizado pelo São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB) revela que, no primeiro semestre desse ano, foram realizados, no Estado, 850 eventos, alta de 141% em relação ao mesmo período do ano passado, com 352 congressos, feiras, conferências, festivais etc. O melhor mês, até agora, foi maio com um total de 239 eventos – no mesmo mês de 2019, ano antes da pandemia da COVID-19, foram 152. O levantamento inclui dados de organizadores e promotores de eventos cadastrados no site da entidade.
O número de participantes teve crescimento de 182%, com mais de 30 milhões de pessoas, aí incluídos os do Carnaval de rua da capital paulista nesse ano. Mesmo descontando os 15 milhões de carnavalescos, os eventos no primeiro semestre deste ano contaram com a presença de 14,3 milhões de pessoas, contra os 10,6 milhões verificados no ano passado, ano em que as festas de rua não foram realizadas.
Com base nestes resultados se pode observar que gradativamente o mercado corporativo retoma, pouco a pouco, as perdas registradas na Pandemia. Ainda é cedo para comemorar mas se a economia voltar a crescer e não houver contratempos de última hora, certamente vamos fechar o ano com bons motivos para comemorações.
Turismo: a força de uma indústria
28/09/2022
No último 27 de setembro foi comemorado o Dia Mundial do Turismo. A data foi criada pela Organização Mundial do Turismo (OMT) no ano de 1980 e tem como objetivo ressaltar a grande importância econômica, social e cultural da atividade turística, de modo a promover uma conscientização sobre a relevância desta indústria para a sociedade.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o agregado especial de atividades turísticas em 2022 cresceu 41,9% frente ao mesmo período de 2021 e isso foi impulsionado pelo aumento de receita obtido por empresas dos ramos de transporte aéreo, restaurantes, operadoras, agências de viagens, locação de automóveis, transporte rodoviário e hotéis.
Segundo dados divulgados pelo Ministério do Turismo, o setor faturou R$ 94 bilhões neste primeiro semestre, o que representa um incremento de 31% em relação ao mesmo período de 2021. Apenas no mês de junho foram criados 100 mil empregos voltados diretamente ou indiretamente para a indústria do Turismo. De acordo com o Banco Central, o gasto dos turistas estrangeiros no Brasil voltou a crescer. Em março foram US$453 milhões, uma alta de 17,6% comparado ao mesmo período de 2020, início da pandemia. Já em relação a março do ano passado, o aumento foi ainda maior, 112%.
De acordo com a Embratur, a estimativa é de que até o final do ano mais de 4.2 milhões de turistas estrangeiros venham ao país, injetando na economia uma renda de US$ 1,4 bilhões. Por sua vez, a Agência Nacional de Aviação estima que houve um incremento de 1.700% na chegada de voos internacionais desde o início da pandemia. As projeções da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) prevê que as vendas do setor alcancem até o final do ano um incremento de 60% na comparação ao mesmo período do ano passado. O crescimento só não é maior devido ao abuso nos preços praticados pelas companhias aéreas, que registraram uma alta de mais de 80% nas passagens aéreas domésticas desde o início do ano.
Com todos esses dados, causa perplexidade que, com raras exceções, a indústria do Turismo não seja citada nos programas e discursos feitos pelos candidatos ao Palácio do Planalto, que ignoram o quanto esse setor pode contribuir para gerar renda e emprego para o país. O Brasil é privilegiado, tanto pelas riquezas naturais, como pela hospitalidade do povo brasileiro. Falta apenas que se abram os olhos de nossos governantes para que se dê o devido valor e importância a esta indústria que movimenta, direta ou indiretamente, mais de 52 setores da nossa economia.
A via crucis de uma indústria
13/09/2021
Às vésperas de mais uma temporada de férias e verão, a indústria do turismo tem a sensação de navegar em meio a um denso nevoeiro de incertezas. Se há alguns meses o clima era de otimismo em função do início da vacinação da população contra a Covid-19, agora já não se pode dizer o mesmo.
Os últimos resultados são pouco animadores para a economia e um dos segmentos mais afetados pela crise é o turismo. Os números não mentem: o desemprego e a queda no poder aquisitivo da população podem ser comprovados pelo fato do Brasil ter ficado em 38º lugar num ranking de 50 países, atrás do Peru, Chile, Lituânia, entre outros.
Quase 70% das principais operadoras de turismo só alcançaram o patamar de 25% do faturamento, num comparativo com a pré-pandemia. A CVC teve no segundo trimestre deste ano um prejuízo de R$ 175,6 milhões. Apenas 18% dos postos de trabalho perdidos no setor, foram recuperados até o momento no país. A indústria do turismo ainda precisa crescer 29,5% para retomar os níveis da pré-pandemia.
Quase 50 mil estabelecimentos fecharam suas portas por aqui, entre hotéis e agências de viagens. As perdas acumuladas de acordo com a Confederação de Bens e Serviços entre abril de 2020 e os últimos 12 meses somam R$ 341 bilhões. Segundo a Hotéis Rio, os meios de hospedagem registram taxas de ocupação média abaixo dos 30% e a estimativa é de que esse setor leve quatro anos para se recuperar.
As empresas aéreas também foram afetadas diretamente. A Azul registrou prejuízo de R$ 2,8 bilhões no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2020 e pelo menos 80% dos funcionários da empresa tiraram licença não remunerada. Só em fevereiro a queda no volume de voos foi de quase 35%.
Todos esses resultados são consequência de uma série de fatores, sendo a pandemia o principal deles. No Brasil, outros fatores se somam a isso, como a instabilidade política de um Governo que perdeu a credibilidade, e que tem como preocupação maior a garantia de uma continuidade, e uma política econômica desastrosa.
Todos esses fatores só fazem piorar a situação que enfrentamos. Neste cenário de incertezas de um governo que faz nosso país parecer uma verdadeira “República das Bananas”, o empresariado prefere se resguardar e esperar por tempos melhores. A ameaça de uma nova onda de contaminação pelo corona vírus, com a nova variante Delta aliada à postura do presidente Bolsonaro e sua trupe formam uma combinação que só gera insegurança em todos os setores da sociedade.
A todos que contrariam seus interesses, ainda que seja em defesa da democracia, são inimigos declarados. A expectativa da indústria do turismo é que com a abertura de fronteiras aos brasileiros de países como Espanha, Portugal e Peru contribua para uma lenta recuperação do turismo internacional. Já o turismo doméstico mantem os dedos cruzados para que as taxas de mortalidade e de contaminação continuem a cair. Só assim se pode colocar um fim a essa verdadeira via crucis.
Uma luz distante no fim do túnel
16/03/2020
O impacto da Pandemia na indústria do Turismo fez com que o setor registrasse a pior crise da indústria do turismo nas últimas décadas. De acordo com um estudo divulgado em setembro pela CNC (Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo) foram mais de 70 mil estabelecimentos fechados no ano passado, entre hotéis, restaurantes, agências de viagens e transportadores. Quase 30% das empresas do setor deixaram de existir de uma hora para outra.
Só na cidade do Rio de Janeiro, pelo menos 100 hotéis fecharam suas portas, acumulando um prejuízo de R$ 720 milhões. A CVC, maior empresa do setor, acumulou um prejuízo de R$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre deste ano, incluindo aí a temporada de verão. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, a taxa de ocupação média do setor acumulada entre março e setembro foi de apenas 20%.
Muitos hotéis estão sendo transformados em hotéis ou residências. Apenas o turismo doméstico apresenta boas perspectivas para a próxima temporada de verão 2021/2022. Sem alternativas, os brasileiros têm optado em sua grande maioria, em realizar viagens pelo país, e de preferência de curta distância, beneficiando assim, o chamado turismo regional. Essa tendência deve se manter pelo menos até meados de 2022.
As empresas aéreas que chegou a registrar queda de 75,3% no ano passado comparado a pré Pandemia já começou a reagir. Os números positivos da aviação e das companhias nacionais neste momento, apontam que a indústria já chegou a aproximadamente 60% a 70% da oferta pré-pandemia com expectativa de 100% até o final do ano.
Enfim, a expectativa é de que gradualmente a indústria do turismo experimente uma recuperação, caso se venha a confirmar mesmo as quedas nas taxas de contaminados e mortes pela Covid-19. A nova onda que elevou o número de mortos acima de 520 mil, aliada a falta de vacinas prometidas, e ainda não disponíveis, fazem crer que apenas o turismo nacional venha se beneficiar gradualmente, e mesmo assim apenas para a temporada de verão 2021/2022. E olhe lá.
A "burrocracia" que atravanca o turismo
19/09/2019
Não é de hoje que boa parte dos diferentes setores que integram a cadeia produtiva do turismo apresentam queixas que se acumulam, principalmente quando se trata de entraves que impedem ou dificultam o desenvolvimento do setor. Entre as causas mais frequentes está o processo burocrático que atravanca a legislação e atrasa projetos e medidas que poderiam contribuir para o fomento dessa indústria.
Durante o Fórum sobre o Desenvolvimento do Turismo Rodoviário, que foi realizado recentemente em Foz do Iguaçu, foram relatadas inúmeras queixas de profissionais da área que relataram os inúmeros obstáculos que a ANTT tem colocado à frente do setor privado. Tais obstáculos vêm no pior momento, já que o setor busca caminhos para implementar programas voltados ao reaquecimento deste mercado, cujo movimento caiu mais de 50% no volume de passageiros transportados nos últimos 10 anos.
O mesmo problema pode ser observado no segmento dos cruzeiros marítimos. Enquanto a maioria dos países vive momentos de expansão nos últimos anos, o Brasil segue a rota da contramão em função de uma legislação antiquada que atende aos interesses de uns poucos. Basta observar a chamada Lei de Cabotagem e de contratação de mão de obra, sem falar nos altos custos portuários que atravancam o setor. Quando se trata então de empreendimentos privados, os desafios de novos empreendimentos são imensos. Um exemplo que pode ser citado é a criação e inauguração de marinas. Enquanto nos Estados Unidos o processo para aprovação leva alguns meses, no Brasil é necessário pelo menos três anos, em um país com um litoral imenso como o nosso.
A ocupação ordenada dos parques nacionais e estaduais pelo Turismo, com medidas de prevenção contra a depredação do meio ambiente ainda engatinha. E o que dizer da burocracia responsável por longas filas nas rodovias nos postos de fronteira durante a temporada de verão?
Não bastasse isso, as aberturas de estradas e resorts em áreas de preservação ambiental esbarram numa legislação que desestimula os novos investimentos. Há que se deixar claro, que é fundamental adotar medidas de preservação da natureza, mas muitos dos argumentos utilizados pelos responsáveis para barrar novos empreendimentos causam grande estranheza.
A chamada "burrocracia" tem sido utilizada muitas vezes até mesmo para atender interesses de pequenos grupos. Exemplo claro disso é a Anac – Agência Nacional de Aviação Civil, que tem como prioridade, em grande parte de sua decisões, o atendimento das empresas aéreas, deixando o passageiro a mercê das medidas impostas. Basta lembrar o compromisso assumido pelas aéreas de baixar os preços das tarifas após a cobrança de taxas no despacho de bagagens. Isso não aconteceu e nada foi feito.
Um país como o nosso, com um imenso potencial turístico, com atrativos naturais inegáveis e que possui um povo hospitaleiro não pode receber menos turistas do que as ilhas do Caribe ou a Argentina. É hora de romper as barreiras que atravancam o desenvolvimento do Turismo, a indústria sem chaminés e o primeiro passo é rever a nossa legislação, acabando com os entraves burocráticos. Sem isso, vamos continuar marcando passo ou indo na contramão do desenvolvimento.
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